O Culto cristão: Conteúdo e Forma

 O Culto cristão: Conteúdo e Forma

 




Prof. Pedro Virgínio Neto

 

Existiria alguma relação entre Conteúdo e Forma no culto que prestamos a Deus, como cristãos? Provavelmente, sendo evangélicos, nos posicionaremos logo afirmando que não. Afirmaremos que o conteúdo é o mais importante, sendo a forma (lugar, modo, estética, ordem, práticas rituais) irrelevante ou mesmo nociva. Até mesmo pelo fato de que associamos a ideia de liturgia à de vãs repetições. Afinal, o Senhor Jesus Cristo afirmara que "os verdadeiros adoradores" devem adorara a Deus "em espírito e em verdade. 

 

James K. A. Smith, autor do livro "Você é aquilo que ama", ao investigar o poder dos hábitos sobre a nossa vida espiritual e o modo como são formados esses hábitos por meio do que ele chama de "liturgias culturais", põe em xeque essa concepção inicial de que uma coisa não tem relação importante com a outra, ou que possam ser pensadas de modo independente. Ou seja, o Conteúdo e a forma do Culto e Adoração.

 

Para o autor, o Culto não é apenas um espaço para expressarmos a Deus nossos louvores, declarações e pedidos, os quais ele se congratula em receber de modo passivo, sentado em seu trono. Ele propõe que entendamos o Culto também como um "lugar" em que Deus opera mudanças em nós, reorientando nosso amor para ele mesmo. Nesse processo, a forma também importa. 

 

"Quando percebemos que adoração também diz respeito à formação, começamos a compreender porque a forma importa." (2017, p.113) 

 

Continua o autor: 

 

"Assim, em vez da atmosfera intimidadora de uma catedral gótica, convidamos as pessoas para adorar no etos de uma cafeteria, do concerto ou do shopping. Confiantes na diferenciação entre forma e conteúdo, acreditamos que somos capazes de extrair o conteúdo do Evangelho e incorporá-lo nessas novas formas, visto que várias formas são com efeito neutras, meros recipientes temporais para uma mensagem eterna." (2017, p.110)

 

Constata-se a necessidade de estarmos atentos à tendência sempre atual de inovar, importando modelos de práticas para o Culto, sem a devida consideração do modo cristão de adoração histórica.

 

Evidentemente, o autor não se posiciona de modo contrário a qualquer forma de mudança ou adaptação das liturgias de culto. Mas certamente quer nos alertar para o perigo de mudanças aleatórias e irrefletidas.  

 

Bibliografia

SMITH, James K. A. Você é aquilo que ama: o poder espiritual do Hábito. Vida nova,2017. 






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