COMO ÁGUA E ÓLEO: EVANGELHO E RACISMO
COMO ÁGUA E ÓLEO: EVANGELHO E RACISMO
Pedro Virgínio P, Neto
Neste dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, estive meditando sobre o Evangelho e perscrutando que contribuição teria o Evangelho a dar a esta sociedade, na qual ainda sobrevive uma chaga tão antiga quanto o racismo.
O ambiente histórico e cultural no qual nasceu o Cristianismo, onde o Evangelho manifestou-se ao mundo, era profundamente marcado por separatismos étnicos. Como é fácil conhecer pelo estudo da própria história. Um mundo tomado por nacionalismos e divisões étnicas. Orientado pelo imperialismo de um povo sobre muitos povos. A própria nação judaica, da qual proveio o Messias, Jesus Cristo, era profundamente nacionalista. O que podemos perceber em várias passagens dos Evangelhos.
O Evangelho introduz no mundo a noção de que todos os homens, independentemente de sua nacionalidade, de sua raça ou sexo, poderiam viver em fraternidade. Jesus, em seu estilo de vida e em seu modo de relacionar-se com as multidões, quebrou muitos desses paradigmas maléficos.
Um dos casos mais conhecidos é sua conversa com a mulher samaritana à beira de um poço. Ao aproximarem-se os discípulos, todos de mentalidade profundamente judaica, ficaram espantados pelo fato de ver o mestre dialogando com aquela mulher, sozinho, à beira de um poço. Ali, Jesus rompeu a barreira do sexo, posto que um homem, naquelas circunstâncias, travar diálogo com uma mulher, seria algo inaceitável.
Bem como, também, rompeu uma barreira ainda mais resistente: a barreira da raça, considerando-se que aquela era uma mulher samaritana, membro de uma comunidade considerada mestiça e, portanto, indigna da comunhão, ainda que declarasse a crença em um mesmo Deus. Mas, para Jesus, ali estava diante de si uma vida humana, antes de considerar a sua condição de mulher ou de membro de uma comunidade étnica.
Há uma interessante passagem na qual, o Senhor Jesus, também expressa esse mesmo princípio, ao advertir aos seus discípulos, todos judeus, de que se cumprimentassem apenas os seus irmãos, etnicamente falando, nada fariam demais. Deveriam, antes, agir como o próprio Deus que faz com que as suas bênçãos, simbolizadas pelo sol e pela chuva, desçam sobre todos os homens, indistintamente, não levando em conta nem sua nacionalidade, nem a sua conduta moral. Agindo de tal modo, eles se tornariam filhos do Pai Celeste.
Imbuído desse mesmo espírito, o Apóstolo Paulo declara que em Cristo
“Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus: Gálatas 3:28”
Mas, em Cristo, todos são unificados. Reconciliados.
Sem dúvida, a História registra a prática racista de povos de cultura cristã e de indivíduos cristãos. Uma mancha na História da religião. A estes, ficam fixadas as palavras do Senhor:
Nem todo aquele que me diz “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos céus. Mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus: Mateus 7:21
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